terça-feira, 4 de junho de 2013

Confissão de Michael Douglas ajuda a quebrar tabu do HPV.


É incrível mas ainda que o tempo passe continuamos a enfrentar tabus em relação ao universo do sexo. Quando falamos das tais DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) não há dúvida. Trabalhei o tema por diversas vezes nos últimos 10 anos em ações de educação em saúde, e o desafio sempre foi o de não associar o HPV apenas ao sexo, pois isso afugentava as pessoas, as famílias.



Em entrevista ao The Guardian, o ator Michael Douglas (68 anos) esclarece que o câncer de garganta que teve há 3 anos foi provocado pelo HPV (papilomavirus humano) contraído via sexo oral.




Para entender: 
o HPV representa um grupo de vírus (mais de 100 tipos já foram identificados) que pode provocar verrugas na pele e nas regiões oral, anal, genital e na uretra. E está associado a 98% dos casos de câncer de colo do útero na mulher (dados da Febrasgo – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), ao câncer de pênis e de ânus no homem, além de neoplasias na região oral (garganta, lábios, língua etc).

Toques rápidos:

·        Principal transmissão é por contato entre órgãos genitais (não é necessária penetração para haver o contágio, basta haver troca de fluidos)
·        HPV também pode ser transmitido de mãe para filho durante o parto
·        Não costuma apresentar sintomas iniciais
·        Em raros casos os sinais visíveis são verrugas acinzentadas que começam em volta do ânus ou da vagina (condiloma acuminado) e que se espalham, causando ardor e coceira
·        Diagnóstico por meio de exames laboratoriais, como o Papanicolau (rotina para controle ginecológico)
·        A pessoa contaminada pode transmitir o vírus sem saber, por anos a fio
·        Em cada 5 mulheres, uma é portadora de algum tipo do vírus HPV (dados do Ministério da Saúde)
·        Em caso de resultado positivo do exame para HPV, o parceiro ou a parceira deve ser avisado; ambos precisam de tratamento.

HPV não tem cura, mas tem prevenção.

Importante sabermos que o HPV não tem cura. O tratamento não consegue eliminar o vírus do organismo. Ele fica em estado de dormência e pode voltar a se manifestar, principalmente, numa queda de resistência no organismo. Daí a importância também de sempre fazer sexo com proteção (preservativo feminino/masculino).
   
Vacina: meninas e meninos.

A prevenção é fundamental por meio de vacina. Há dois tipos (de laboratórios diferentes): uma que previne contra 2 tipos de vírus, e outra contra 4 tipos. O médico deve avaliar a recomendação para cada caso.

No início, a vacina era recomendada apenas para mulheres, especialmente para meninas e de preferência antes do início da atividade sexual (11 a 13 anos).

Mas, hoje, estudos já comprovam a relação do HPV com câncer anal e de pênis, além de garganta, em homens. Por isso, a vacina passou a ser orientada também para meninos (entre 11 e 12 anos e vacinação tardia de rapazes com idades entre 13 e 21 anos). Essa recomendação foi feita pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano, já que o HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum nos Estados Unidos.

Vacina pelo SUS?

Infelizmente as vacinas ainda não estão disponíveis no Brasil pelo SUS – Sistema Único de Saúde. De graça, só no Distrito Federal e no Amazonas por legislação regional. Mas, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse em maio deste ano que a vacina contra o HPV pode ser incorporada ao calendário nacional de imunização em 2014. Vamos torcer para que isso ocorra, pois viabiliza o acesso à saúde a uma parcela maior da população, já que a vacina, disponível em clínicas particulares, é cara (custa entre R$ 540 e R$ 1.050).

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