É incrível
mas ainda que o tempo passe continuamos a enfrentar tabus em relação ao
universo do sexo. Quando falamos das tais DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis)
não há dúvida. Trabalhei o tema por diversas vezes nos últimos 10 anos em ações
de educação em saúde, e o desafio sempre foi o de não associar o HPV apenas ao
sexo, pois isso afugentava as pessoas, as famílias.
Em
entrevista ao The Guardian, o ator Michael Douglas (68 anos) esclarece que
o câncer de garganta que teve há 3 anos foi provocado pelo HPV (papilomavirus
humano) contraído via sexo oral.
Para
entender:
o HPV representa um grupo de vírus (mais de 100 tipos já foram
identificados) que pode provocar verrugas na pele e nas regiões oral, anal,
genital e na uretra. E está associado a 98% dos casos de câncer de colo do
útero na mulher (dados da Febrasgo – Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia), ao câncer de pênis e de ânus no homem, além de neoplasias
na região oral (garganta, lábios, língua etc).
Toques rápidos:
·
Principal
transmissão é por contato entre órgãos genitais (não é necessária penetração
para haver o contágio, basta haver troca de fluidos)
·
HPV
também pode ser transmitido de mãe para filho durante o parto
·
Não
costuma apresentar sintomas iniciais
·
Em
raros casos os sinais visíveis são verrugas acinzentadas que começam em volta
do ânus ou da vagina (condiloma acuminado) e que se espalham, causando ardor e
coceira
·
Diagnóstico
por meio de exames laboratoriais, como o Papanicolau (rotina para controle
ginecológico)
·
A
pessoa contaminada pode transmitir o vírus sem saber, por anos a fio
·
Em
cada 5 mulheres, uma é portadora de algum tipo do vírus HPV (dados do
Ministério da Saúde)
·
Em
caso de resultado positivo do exame para HPV, o parceiro ou a parceira deve ser
avisado; ambos precisam de tratamento.
HPV não tem cura, mas tem prevenção.
Importante
sabermos que o HPV não tem cura. O tratamento não consegue eliminar o vírus do
organismo. Ele fica em estado de dormência e pode voltar a se manifestar,
principalmente, numa queda de resistência no organismo. Daí a importância
também de sempre fazer sexo com proteção (preservativo feminino/masculino).
Vacina: meninas e meninos.
A prevenção
é fundamental por meio de vacina. Há dois tipos (de laboratórios diferentes):
uma que previne contra 2 tipos de vírus, e outra contra 4 tipos. O médico deve
avaliar a recomendação para cada caso.
No início,
a vacina era recomendada apenas para mulheres, especialmente para meninas e de
preferência antes do início da atividade sexual (11 a 13 anos).
Mas, hoje,
estudos já comprovam a relação do HPV com câncer anal e de pênis, além de
garganta, em homens. Por isso, a vacina passou a ser orientada também para
meninos (entre 11 e 12 anos e vacinação tardia de rapazes com idades entre 13 e
21 anos). Essa recomendação foi feita pelo Centro de Controle e Prevenção de
Doenças americano, já que o HPV é a infecção sexualmente transmissível mais
comum nos Estados Unidos.
Vacina pelo SUS?
Infelizmente
as vacinas ainda não estão disponíveis no Brasil pelo SUS – Sistema Único de
Saúde. De graça, só no Distrito Federal e no Amazonas por legislação regional.
Mas, o Ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, disse em maio deste ano que a vacina contra o HPV pode ser
incorporada ao calendário nacional de imunização em 2014. Vamos torcer para que
isso ocorra, pois viabiliza o acesso à saúde a uma parcela maior da população,
já que a vacina, disponível em clínicas particulares, é cara (custa entre R$
540 e R$ 1.050).
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